Eu não sei se alguém já notou, mas existe uma misteriosa tendência dos filmes dos cineastas emergentes pelo mundo. Prestem atenção nessas sinopses:







É sério. As semelhanças entre esses roteiros chegam a assustar. Tão misteriosamente quanto em seus filmes, cineastas de vários países, todos com a carreira em plena ascenção, resolveram filmar alegorias fantásticas com um tema comum: a vingança da natureza contra a humanidade.
O desdobramento também é sempre o mesmo: todos tentam a imaginar a sociedade se reorganizando a partir de situações absurdas e extremas.
Percebam que, ao contrário dos velhos filmes de ficção científica, a ameaça não vem mais das bombas atômicas, nem dos atentados, nem mesmo de seres mutantes ou alienígenas. O mundo retratado em todos esses filmes não é um futuro etéreo, estilizado, tipo 2001, mas sempre tem cenários atuais, urbanos, quase que realistas. As catástrofes não vêm de terremotos, vulcões ou meteoros gigantes. O inimigo não é a esquerda nem a direita, não são os terroristas, não são os governos totalitários nem os traficantes de drogas. A ameaça surge do nada e simplesmente cai do céu, ex-machina, vitimizando todos sem piedade.
Mas então... por que essa moda agora?
Eu tenho uma teoria.
Mostrar um futuro absurdo é a melhor maneira de falar da sociedade atual sem se comprometer politicamente. Não se fala de oriente médio nem de petróleo; nem de governo Bush nem de Bin Laden; nem de protocolo de Kyoto nem do Al Gore. Nesses filmes, o foco é transferido para o dilema emocional que vivemos.
Em tempos de aquecimento global na moda, o que se pensa é: como a sociedade vai se comportar se o planeta começar a ir pro beleléu de fato? O que o mundo vai fazer quando o seu maior inimigo for o seu próprio planeta?
Pois esses cineastas, assim como os seus roteiristas, sabem que o planeta está para dançar em um futuro não muito distante. E isso acontecerá porque todos as sociedades, capitalistas e comunistas, ditaduras e democracias, fizeram lá a sua parte. Somos de bem, mas somos culpados, o que fazer? E no mundo onde não faz sentido pensar em direita e esquerda, em primeiro e terceiro mundo, espera-se o momento em que as sociedades e seus governos terão que abrir mão de suas picuinhas sobre economia, sobre religião, sobre exércitos para se ajudar de fato, antes que a cobra vá pro brejo de vez. A natureza é um inimigo sem cara, e sem muita ideologia.
Os cientistas já falam isso tem tempo - se os homens não pensarem seriamente na saúde do planeta agora, a coisa vai ficar feia. Agora é a vez dos cineastas dizerem o mesmo. Resta saber se, com metáforas tão fantásticas, todo mundo vai entender.
Um comentário:
Desgraça pouca é bobagem!
Adorei, e não tinha parado para pensar nesta "coincidência" entre os roteiros!
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