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    sábado, 13 de setembro de 2008

    Walter Salles versus Fernando Meirelles, round 6

    Fernando Meirelles e Walter Salles são de longe os 2 grande mega fodões do cinema brasileiro recente. É fato. Sei lá, eles são grandes para o cinema nacional de hoje assim como Spielberg e George Lucas são para Hollywood. Ou talvez como Beatles e Stones foram para o rock dos anos 60. Ou como Caetano e Gil pra tropicália. Ou Madonna e Michael Jackson para os anos 80. Ou... bem, deixa pra lá.

    E o lance é que eles fizeram por onde. São muito bons diretores, fizeram grandes filmes e ninguém duvida disso.

    Acho que eles nunca trabalharam juntos. Seguindo carreiras paralelas, os dois chegaram num patamar que parecia impossível para o cinema nacional: fazer parte do primeiro time de cineastas mundiais. São bem sucedidos tanto comercialmente quanto nos prêmios e nas críticas.

    Mas aí fico cá pensando com meus botões: eles tem uma carreira parecida, mais ou menos a mesma idade, e fazem sucesso ao mesmo tempo. Com certeza eles já se pegaram um remoendo de inveja do outro, não acham? Sim, aquela inveja produtiva, a mesma que fazia Lennon e McCartney ficarem competindo pra ver quem fazia a música mais foda. Querendo ou não, Fernando Meirelles e Walter Salles competem pra ver quem é o cineasta mais fudido do Brasil.

    Pois os 2 acabaram de lançar filmes novos praticamente ao mesmo tempo. "Ensaio Sobre a Cegueira" de Meirelles e "Linha de Passe" de Walter Salles (com Daniela Thomas) são filmes cheios de expectativa, que demoraram muito pra ficarem prontos e que colhem resultados diferentes.

    Dessa vez, Walter Salles parece estar mais feliz. Seu último filme ("Água Negra") tinha sido um horror. Um pouco em baixa, fez um filme com cara de filme de arte, triste, 0% pop, pra ser consumido no meio intelectual e nos festivais. Precisava recuperar sua auto-estiva e conseguiu: ganhou prêmio em Cannes, está recebendo críticas positivas e deve estar dormindo bem com isso. O filme é ótimo, de ótimas escolhas, mas tem uma racionalidade que incomoda. Não é perfeito - mas ninguém esperava a perfeição, e por isso a crítica adorou.

    Já Fernando Meirelles deve estar dormindo meio ressabiado. O cara estava no auge mundial. É o "next best thing", o diretor que todos querem ver no que vai dar. Resolveu adaptar um livro dificílimo de um escritor prêmio Nobel e levá-lo às massas. Mais ambicioso, impossível. E como o Pelé na copa de 70, fez uma jogada de mestre, mas errou o gol no final. O filme é bom e corajoso, mas está tomando uma saraivada de críticas de tudo quanto é lado. Também não é perfeito - mas, ao contrário do filme de Walter, desse filme todos esperavam a perfeição. E aí a crítica não perdoou. Infelizmente seu passe vai diminuir de valor, e algo me diz que seus projetos seguintes serão menores, na linha que Walter Salles tomou agora.

    No próximo post eu comento sobre os rounds anteriores da briga entre os 2 para ver quem é o diretor mais master-blaster do Brasil.

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