
Deve ser muito difícil ser um roteirista belga: as coisas lá funcionam tão bem que parece não ter jeito de rolar um drama, um barraco, sei lá, qualquer coisa que dê uma história, entende?
Nesse filme, dirigido pela dupla que já ganhou 2 vezes a palma de ouro de Cannes, a coisa chega a ficar engraçada. Por exemplo, imagine essa cena: um drogado em crise de abstinência. O que ele faz? Na Bélgica, é só ele ligar pro médico, dar um pulo no hospital público, de graça, passar umas noites lá em observação e pronto, se recupera. E a mulher que engravidou sem querer? Simples, ela vai no mesmo hospital público e o médico já começa a preencher o formulário pra ela fazer o aborto ali mesmo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Aí a gente pergunta: meu, cadê o drama?
Mas é justamente aí que está a genialidade desses diretores. Eles fazem filmes onde as situações extremas estão ali, mas nunca rola um drama novelesco, uma choradeira exagerada, nada disso. Eles procuram personagens diferentes (drogados, imigrantes, traficantes, vagabundos), mas eles não exageram em nada, o tom é super natural, e tudo fica meio subliminar. E por isso é tão legal.
Assisti o filme num cinemark, e obviamente o público médio, que se criou vendo novela, fica meio com cara de tacho. Problema deles. Eu adoro.
Um comentário:
ahhh vontadezona de ver os outsiders do mundo perfeito...mesmo. espero que saia logo em cartaz.
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