
Charlie Kaufman é um doido varrido que de repente virou o roteirista mais "hype" desse século. Não sem méritos: é inegável que o rapaz tem estilo. E esse "Synecdoche, New York", seu primeiro filme como diretor, tem a cara dele. Até demais.
A história nem é difícil de explicar: um diretor de teatro, abandonado pela mulher, resolve fazer a peça da sua vida, mas não a termina nunca. Tipo o Axl Rose gravando o Chinese Democracy, saca?
Agora imagine que esse filme é ainda mais atormentado que "Adaptação", mais confuso que "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" e mais surreal que "Quero Ser John Malkovich". Se você não é acostumado, se prepara pra querer jogar pedra na tela. Eu, que nunca bati bem da bola mesmo, adoro.
Como nos outros filmes de Kaufman, lá está seu alter ego em crise permanente (tipo Charlie Brown) que acaba se confundindo com tudo (aqui Philip Seymour Hoffman está no papel que já foi de Jim Carrey, de John Cusack e de Nicholas Cage). Também está lá o vai e vem absurdo do tempo, as alucinações de subconsciente, e umas piadinhas malucas que só podem sair de uma cabeça muito sambada mesmo.
Mas também não dá pra deixar de perceber que, como diretor, Kaufman ainda está verde. A pegada pop que Michel Gondry e Spike Jonze deram às suas histórias fizeram muita falta, e por vezes o filme dá umas paradas meio esquisitas. O Philip Seymour Hoffman, onipresente no cinema americano "tipo Sundance", está ótimo como sempre, mas já virou carne de vaca, precisa dar uma sumida.
Mas, no fim das contas, nada é caso perdido. Afinal, coisa que doido faz a gente sempre releva um pouco, né?
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